É a primeira vez, desde 1999, que um militar assume o Ministério da Defesa. Foi o então presidente FHC (PSDB) quem extinguiu as pastas do Exército, da Aeronáutica e da Marinha e concentrou as três em uma só. Era o simbolismo final para afastar qualquer eco da ditadura militar (1964-1985): o comando político civil das três forças. Ao nomear Luna para a função, ainda que interinamente, Temer rompe com essa tradição e prestigia os militares, que com a intervenção federal no Rio de Janeiro assumiram, ainda que não de todo confortáveis e exigindo mudanças legais, a linha de frente do combate à criminalidade organizada.
Se a intervenção federal é lida como uma tentativa do presidente de elevar o seu prestígio junto ao eleitorado mais conservador e lançar sua candidatura para a reeleição neste ano, segundo afirmam aliados e opositores, a aliança de Temer com os militares vem sendo cultivada há mais tempo. Desde que assumiu a presidência da República, em maio 2016, Temer, com velhas ligações com a área de segurança - ele foi secretário da área em São Paulo no anos 80, tem buscado essa proximidade. Nos últimos dois anos, o emedebista participou de ao menos dez encontros com comandantes das Forças Armadas. Neste ano, essa aproximação se intensificou. Só nos dois primeiros meses de 2018, foram quatro reuniões oficiais, conforme consta de sua agenda pública divulgada pelo Palácio do Planalto. Na semana passada, pela primeira vez desde a redemocratização, um presidente visitou o Ministério da Defesa.
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